Apesar dos altos números de mortes e acidentes no trânsito no Brasil – aproximadamente 31 mil por ano –, é possível enxergar algumas boas notícias em relação ao assunto.

Relatório da MobiliDados, por exemplo, destaca que a taxa de mortalidade em sinistros de trânsito atingiu o menor patamar em 20 anos. Com informações coletadas entre 2000 e 2019, o estudo mostra que 15 pessoas a cada 100 mil habitantes morreram em ocorrências de trânsito durante 2019. O número equivale a uma queda de 32,2% em comparação com 2012, quando houve o pico de taxa de mortalidade (23 pessoas a cada 100 mil habitantes).

Outras pesquisas reforçam a ideia de que as mortes no trânsito brasileiro são evitáveis e previsíveis.

Segundo dados do Infosiga SP, sistema do Movimento Paulista de Segurança no Trânsito que monitora ocorrências em todo o estado, o fator humano é o principal causador de acidentes fatais em São Paulo.

O levantamento mostra que 94% das mortes são causadas por comportamentos de risco: excesso de velocidade, não utilização do cinto de segurança, uso de celular, consumo de bebida ao volante, dirigir cansado e travessia em locais proibidos são os principais motivos.

 

Fator Humano

O ONSV (Observatório Nacional de Segurança Viária) também realizou estudos que atestaram que 90% dos acidentes ocorrem por falhas humanas, entre elas, o desrespeito às leis e a desatenção do condutor.

A entidade divide em três grupos as motivações dos acidentes de trânsito: além do fator humano, aparecem o “fator veículo” e o “fator via”, responsáveis cada um por 5% das causas de acidentes, por razões como problemas mecânicos nos carros e más condições estruturais das estradas.

Um estudo do governo federal também apontou as falhas humanas como a principal causa dos acidentes nas estradas e ruas brasileiras. Segundo a pesquisa, 53,7% dos acidentes têm como causa a imprudência dos motoristas. Essas ocorrências ocorrem por infrações à legislação (30,3%) e falta de atenção (23,4%).

 

Pacto global para diminuir mortes no trânsito

A grande quantidade de pesquisas que vimos mostra que governos, entidades e sociedade civil sabem da gravidade dos problemas no trânsito. E a preocupação não se limita ao Brasil.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) iniciou em 2021 a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, com a meta de prevenir ao menos 50% das mortes e lesões no trânsito até 2030.

Em outubro, a organização divulgou seu Plano Global, com indicação de ações concretas para tentar atingir os objetivos nos próximos anos, reduzindo drasticamente as estatísticas que indicam quase 1,3 milhão de mortes e 50 milhões de vítimas com lesões a cada ano no mundo, principalmente nos países mais pobres.

A OMS ressalta que, se não forem adotadas medidas imediatas, essas ocorrências devem causar mais de 13 milhões de mortes e cerca de 500 milhões de feridos durante a próxima década.

 

Medidas para evitar mortes no trânsito

Para mudar o cenário, a entidade sugere uma abordagem de sistemas seguros integrada, que posiciona diretamente a segurança no trânsito como o fator chave para o desenvolvimento sustentável.

O documento coloca como prioridades a adoção de transporte multimodal e planejamento de uso do solo; infraestrutura viária e veículos seguros; uso seguro da via e rápida resposta pós-sinistros.

Para a viabilidade dessas ações, o Plano Global pede mais financiamento, marcos legais, gestão de velocidade, desenvolvimento de capacidades, garantia de uma perspectiva de gênero no planejamento de transporte, adaptação de tecnologias ao Sistema Seguro e foco em países de baixa e média renda.

Por fim, destaca que a responsabilidade pela segurança no trânsito deve ser compartilhada, com envolvimento do governo, comunidade acadêmica, sociedade civil, juventude, setor privado, financiadores e Nações Unidas.

Com a participação de todos, é possível vislumbrar um ambiente mais seguro e harmônico nas cidades. Você também pode conferir em nosso blog 5 ideias para melhorar o trânsito.